Olá pessoas..., há muito tempo não dou minha face elfica virtual por aqui, o que me impediu de fazê-lo foi antes de mais nada a correria do dia-a-dia que aumenta a medida que saímos de uma fase de nossa vida e entramos em outra, depois tenho que admitir que a vida se mostra cada vez mais estranha e muitas vezes essa estranheza confunde até o mais equilibrado dos seres humanos...
Muitas vezes a partida de entes queridos sem explicação e sem o sentido que consideramos quase como normal que é a idade nos deixa completamente perdidos, nossas crenças deixam de ser tão sólidas, nossas explicações para o mundo a nossa volta deixam de fazer tanto sentido, e nesse caso a dor da saudade e da falta de explicações se torna tão insuportável que faz da imagem do parente querido naquele estado excepcional se mantenha em nossas mentes por tanto tempo que já não somos mais capazes de contar em dias, meses ou mesmo anos...
No meu caso, quando penso em fazer outras coisas para esquecer essa cena particular, me deparo com uma outra realidade, tão fria e cruel quanto a morte, por que muitas vezes também leva a ela..., vou contar um pouco sobre o que tenho visto dentro das salas de aulas da escola em que trabalho, para quem não sabe, a minha pesquisa em relação ao culto oriental a afrodite/astarte, meu rendeu uma boa nota na disciplina de "pesquisa em história" e o diploma de licenciada em história, pois bem, e me levou para dentro da sala de aula, de uma escola do estado, localizada na periferia de guarulhos, que temos em todos os cantos do país adolescentes desinteressados por todas as disciplinas disponíveis no currículo oficial e mesmo com suas aplicações praticas isso já não é novidade, aliás já se torna um discurso até clichê em nossa sociedade. Mas o que encontro nas salas de aulas atualmente vai muito além da falta de interesse desses adolescentes. Mesmo com todas as informações a respeito da gravidez nessa fase da vida, a banalização da relação sexual que deveria ser encarada como uma das coisas mais importantes, mágicas, da qual a maior das responsabilidades surge, afinal é de onde vem todos os seres humanos, parece a coisa mais sem importância na vida desses adolescentes..., eles praticam sexo em todos os lugares (inclusive nas dependências da escola) e com qualquer parceiro (o que é mais assustador...), sem se preocupar com as consequências, simplesmente não faz diferença, eles estão interessados apenas no prazer imediato proporcionado pelo sexo..., podem me chamar de antiquada, mas ainda sou do tempo em que uma relação sexual era compartilhar um sentimento único, sem igual, no fim das contas é também compartilhar o corpo um do outro, mas para eles não é assim que as coisas funcionam, na verdade eles vêem o sexo do mesmo jeito que assistem TV, ao importa se o programa é bom, contanto que esqueçam dos seus problemas e se divirtam um pouco...
Poderíamos dizer que, se o sexo fosse o único problema que tenho a gritar indignada a respeito da rede publica, as coisas seriam muito simples, eu seria uma pessoa antiquada em um mundo moderno, mas não sei se modernidade tem a ver com trabalhar com adolescentes sem ter recursos para planejar uma aula diferenciada, e mesmo assim ver esses recursos serem desviados da instituição para a residência de funcionários que provavelmente terão um melhor uso para os mesmo, aprendi também que as relações que deveriam ser estritamente profissionais muitas vezes são mais do que influenciadas por amizades, inimizades, indiferença ou até mesmo falta de conhecimento de uma pessoa com a outra...
Outra coisa muito interessante é que o que o governo chama de inclusão acaba na verdade excluindo os alunos considerados "especiais", e as explicações são bem simples, os alunos costuma ser hostis uns com os outros dentro da sala de aula, por que o governo pensou que isso seria diferente com os "alunos especiais"? Alguns "alunos especiais" não conseguem se relacionar com os outros alunos da sala e isso não é uma questão de costume, simplesmente faz parte da realidade de alguns tipos de alunos nessas condições, outra questão é que esse aluno que mereceria uma atenção especial do professor no final das contas fica simplesmente jogado dentro da sala de aula, uma vez que o professor tem mais 35, 40 alunos para literalmente tomar conta...
Engraçado também é o tratamento dispensado aos chamados "professores eventuais", começa assim..., que termo é esse? Quer dizer que o eventual não é professor o tempo todo como o resto? E a falta de consideração com esse profissional de importância vital para a escola não termina simplesmente no nome como poderia ser..., já entrei em sala de aula em que os alunos disseram que a direçao já tinha falado com eles que se não quisessem copiar a matéria passada pelo professor eventual não tinha problema..., só falta mudar o termo já antagonico e pejorativo de "professor eventual", para "babá eventual", ou para "professor tapa buraco"...
Sinceramente a falta de professores é uma realidade nas escolas de todo país, assim como a desvalorização desse profissional que tem um papel vital dentro da sociedade..., um professor não ganha mais do que o operário de qualquer empresa do país, embora tenha nível superior completo..., não há motivação para o trabalho do professor além daquela que vemos raras vezes em nossos alunos desinteressados, estamos diante da corrupção corporativa o tempo inteiro, mas temos a árdua missão de nos mantermos dignos, afinal nossa missão é passar essa dignidade tão dura e irreconhecida as mentes que estão em nossas mãos...
Nao estou seguindo no embalo da minha colega professora que ficou famosa recentemente por ter um video postado na internt, estou apenas desabafando situaçoes engasgadas em mim desde o pouco tempo em que adentrei esse meio..., e me pergunto se as pessoas do lado de fora tem noçao do quao sacrificada é a vida de um profissional da educaçao.
Espero que a deusa me de força, inspiraçao e perseverança para seguir em frente nessa bendita profissao a qual fui destinada...
Beijos cintilantes a vocês...
